O Café

Sua semente é originária do cafeeiro e sua bebida excepcional deixou registros importantes e hábitos culturais pelo mundo. Segundo uma das lendas, um pastor, Kaldi, das regiões altas da Etiópia (Cafi e Enária) percebeu que, quando suas cabras alimentavam-se com arbustos e folhagens que tinham um fruto amarelo/avermelhado, estes animais ficavam animados e com energia ao mastigarem os frutos. Alguns registros afirmam que o consumo do café começou por volta de 575 D.C. A origem do nome foi no oeste da Arábia onde a planta era conhecida como Kaweh e a bebida foi denominada como Kahwah ou Cahue, que significa força. A produção comercial do café ficou restrita ao Iêmen por um bom tempo e, na época, a bebida era consumida, principalmente, por monges em rituais religiosos durante as noites de reza e vigília. 

A bebida, conhecida também como o vinho da Arábia (era um produto que estava de acordo com o Alcorão, isento de álcool), ganhou escala comercial, no século XIV, na região de Moka, que foi responsável por um dos maiores cultivos do produto, e o seu porto, o maior exportador. Na Turquia, em 1475, surgiu a primeira cafeteria, o Kiva Han, sendo responsável pela difusão da bebida no mundo. Com a criação do espaço, o café ganhou também um caráter social. Em 1574 as cafeterias de Cairo e Meca viraram referência para artistas e poetas. Com a chegada na Europa, precisamente em 1615, em Veneza, por Bottaghe del café (um dos pontos responsáveis pela propagação das técnicas de torra e moagem) o café ganhou o seu charme. Em 1732 o músico Johan Sebastian Bach compôs a Cantata do Café. 

O café chegou ao Brasil no início do século XVIII (1727), quando delegaram ao sargento-mor, Francisco de Mello Palheta, a missão de conseguir uma muda de café, sendo esta plantada no Pará. As primeiras plantações foram introduzidas no Rio de Janeiro, onde se desenvolveu o plantio sistemático em meados de 1760. Os cafeicultores paulistas introduziram novas tecnologias e formas de plantio, favoráveis a expansão cafeeira. Num espaço de tempo relativamente curto o café tornou-se o principal produto da economia brasileira.

A Fazenda São Bernardo era propriedade de meu avô, Joaquim Viana de Castro, situando-se no Vale do São Bernardo e, por isso, com muito carinho, eu e meus filhos criamos o Reserva do Vale. Estamos, dessa maneira, na terceira geração da cafeicultura em nossa família, levando nossas décadas de caminhada, com todo o amor, à sua casa.